Tenho visto cada vez mais gente andando de bicicleta em Lima. Não é pra menos: a cidade é plana, o clima sempre está ameno (não tem sol forte na maioria dos dias do ano), raramente chove – se é que pode chamar de chuva – e vários bairros têm ciclovia. Isso tudo torna a pedalada muito mais fácil. E deliciosa.
Eu adoro exercício físico, principalmente ao ar livre, então convidei a Elaine (Vidal, nossa fotografa – vocês já viram nossa apresentação no “Sobre nós”?) para um passeio na Avenida Arequipa, uma das principais avenidas daqui de Lima.
No século XX, a avenida servia de caminho para quem ia de Lima (que até então só era o centro da cidade) ao balneário de Miraflores e Barranco. Ela cruza quatro distritos: Miraflores, San Isidro, Lince e Cercado de Lima, tem 52 quadras e diz muito sobre a história da cidade.
No domingo, toda a avenida está proibida para carros, o trânsito intenso dá lugar aos que andam de skate, patins, bicicletas… Nós a percorremos inteira, da quadra 52 a quadra 1! Detalhe: eu nem tinha bicicleta, fui com uma emprestada!!! Curti tanto o passeio que, uma semana depois, comprei minha própria bici para poder entrar nessa onda… ah, a moda aqui entre as meninas é usar bike vintage… elas são lindaaasss!
O que você vai ver pelo trajeto
A Arequipa, como ela é chamada por aqui, é grande, larga, bonita e plana. Se você fizer o trajeto inteiro, notará que os distritos são muito diferentes: Miraflores e San Isidro são bairros mais residenciais de classe media/alta, têm casarões bem conservados, prédios novos e pouco comércio popular. Já quando você chega em Lince, sente o choque da mudança drástica de visual. Lince é um bairro movimentado, possui bastante comércio popular – vale reparar na imensa quantidade de restaurantes de Pollo a La Braza, muito frequentado pelos peruanos, principalmente nos fins de semana. Os casarões são menos conservados e há muita universidade e escolas de cursos técnicos e todo o comércio que envolve esta área.
Começamos nosso passeio pelo Óvalo de Miraflores, perto do Parque Central de Miraflores, na quadra 52 da Avenida Arequipa.

Em Miraflores e San Isidro, a ciclovia é toda linear
Ok ok, o passeio está apenas começando, mas, se você quiser aproveitar para fazer comprinhas, na quadra 50 está o Mercado de Artesanato Inka Plaza. Estacione sua bike, não se esqueça de colocar cadeado e aprecie o artesanato local. O mercado é um conjunto de lojinhas, com bastante variedade e coisas bem bonitas.

Entrada do Inka Plaza. Um dos grandes mercados de artesanato de Lima.
Uma das primeiras construções que chamam a atenção é o Colégio de Ingenieros del Peru, que estará a sua direta na quadra 49. Tire uma foto e continue com as pedaladas…
Um pouco mais pra frente, na quadra 45, está a Alianza Francesa de Lima. Além de ser um dos prédios mais bonitos da avenida, recomendo que você tome um café ou um suco (ou almoce!) no Emile Café – dentro da Alianza -, se você precisar de energia para seguir pedalando. Tem estacionamento para a bici dentro do edifício.
Na quadra 43, está o Museo de Los Vecinos, criado em 2009 pelo artista Arnaldo Molinari com o objetivo de aproximar a arte com a vida cotidiana.

Colégio de Engenheiros (nosso Crea): um dos primeiros casarões a chamar atenção.
Faça o percurso com calma para poder ir apreciando a arquitetura e beleza dos casarões seculares dessas primeiras quadras. É impossível passar pela quadra 42, sem parar para admirar um casarão branco à sua direita. Esse casarão se chama Casona Suárez e é patrimônio nacional desde 2007. A história diz que foi construída a pedido de um médico que queria ser presidente do Peru, como não conseguiu, construiu seu próprio palácio, em 1939. A Casona é praticamente uma cópia do Palácio do Governo que fica no centro de Lima.

Casa Suarez. Restaurada em 2016, hoje é usada principalmente para eventos corporativos.
Repare também, que ao longo da avenida há muito casarão bonito, porém cercado por muros altos, que tampam sua beleza e deixam aquela curiosidade para saber o que é e porque está tapado?!?!
A ciclovia muda de cara na quadra 31 próximo a Rua Juan de Arona, os canteiros floridos dão lugar às altas palmeiras. Nessa altura da Av. Arequipa, a direita, está o centro financeiro de San Isidro.
No finalzinho de San Isidro, quando chegamos próxima a Avenida Javier Prado, a ciclovia é interrompida e você precisa entrar na rua a direita para poder voltar à ciclovia umas duas quadras depois. Aqui você precisará de um pouco mais de cuidado para atravessar a Javier Prado, pois não há muitos semáforos para pedestres. Se você estiver com crianças e for um dia de semana, recomendo que faça o percurso só até aí, para evitar estresse para cruzar a Javier Prado. Agora se você puder fazer o passeio em um domingo, quando carros não circulam na Avenida Arequipa, vai passar por baixo do viaduto e seguir em frente, sem esse inconveniente… muuuito melhor!!
Muda o distrito, muda tudo
Entrando em Lince, a avenida e a ciclovia mudam radicalmente de aparência. Você nota a diferença de cara e isso foi o que eu mais curti dessa experiência sobre duas rodas: ver as diferenças entre os distritos… A Avenida continua segura, não se preocupe.

A poluição visual toma conta de Lince.
A meta era ir até o final da avenida e missão dada é missão cumprida.
Como Lince é um bairro antigo, você encontrará casas não tão conservadas, muito comércio popular e maior poluição visual… É interessante notar como os distritos são bem diferentes e possuem cada um a sua própria identidade visual.

A ciclovia em Lince torna-se mais estreita (mas segue arborizada <3)
Na quadra 10, o que chama a atenção são os edifícios bonitos do Instituto di Cultura Italiana e do outro lado da rua, o Obispado Castrense del Peru, com seu balcão de madeira esculpido (típico balcón peruano, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional).

O Instituto Italiano, prédio europeu no centrão de Lima.
Continuando, já no Cercado de Lima, você passará pelo Circuito Mágico das Águas. Leia o post sobre esse parque, caso queira fazer uma pausa para turistear por ele ou fazer uma pausa para um lanchinho no parque.:-)
Chegamos a quadra 1 e o que tem lá? O Museo Metropolitano de Lima, se quiser conhecer mais sobre a cidade ou, se preferir, vale entrar no Parque de la Exposición (gratuito) e aproveitar para fazer uma visita ao Museo de Arte de Lima (MALI). O café do Museu e a lojinha valem a pena também.
Parabééééns, você chegou ao final das 52 quadras, relaxe um pouco porque agora tem a volta 😉 …
Recomendações
O passeio é super agradável e nível de dificuldade fácil, como eu disse. Faça-o sem pressa, sinta o vento no rosto, observe as construções, a arquitetura, a diferença entre cada distrito…
Não esqueça:
– protetor solar (mesmo nos dias nublados)
– um chapéu
– água para hidratar-se
Durante o percurso você passará por postos de gasolina e comércios onde poderá comprar snacks e mais água.
Em todos os distritos a ciclovia é bidirecional (tem dois sentidos). Se você quer ver a Avenida Arequipa de forma mais tranquila, em família, fazer o passeio em um domingo é o mais indicado, já que, como citei, a avenida fica totalmente fechada para carros até às 13h. Eu fiz o passeio durante a semana e estava bem tranquila, porém, prestar muita atenção é fundamental porque o transito de Lima é pesado.
Bom passeio e, agora que eu tenho minha própria bici(contei que é assim que chamam carinhosamente a bicicleta por aqui?), aguardem mais posts de passeios em Lima sobre duas rodas!!

Eu me divertindo por Lima.
12 Comments
Natalie Soares
09/04/2019 at 08:38Oi, Tati. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Tati Luiz
10/04/2019 at 09:45Uau Natalie, estou muito muito feliz com a escolha!!! Eu ADORO o blog do Ricardo Freire e é sempre muito bacana estar no VnV 🙂
Obrigada!!!
Cecilia Valencia
21/03/2019 at 12:01Holas CUP of Things!! Me encantó ese paseo por mi ciudad y en bici. Lima es hermosa para quien quiere ver sus encantos y descubrir su historia.
Manu Tessinari
21/03/2019 at 14:50Es eso Ceci! Para ver los encantos es necesario ojos y corazón abiertos. Toda ciudad tiene sus bellezas y Lima es hermosa!
Renata Burlamaqui
21/03/2019 at 10:32Adorei o post, Tati!! Parabéns, adorei saber mais sobre os casarões que costumo passar sempre, mas não conhecia sua história! Bjs, Renata Burlamaqui
Manu Tessinari
21/03/2019 at 14:49Obrigada!! Os casarões tomam outra cara quando sabemos suas histórias, né? beijos!
Luciana Visnevski
21/03/2019 at 07:40Excelente matéria! Eu que moro em Lima, agora quero fazer este passeio! Amei!
Manu Tessinari
21/03/2019 at 14:48Faça! Você vai ver a Arequipa com outros olhos!
Fabiana
21/03/2019 at 04:18Muito legal este post. Adorei as dicas e deu vontade de ir até Lima só pra andar de bici por esta rua.
Manu Tessinari
21/03/2019 at 14:48Vem!
Ana Maximo
20/03/2019 at 22:22Amei o post!
Deu vontade de sair de bike por Lima 😘
Manu Tessinari
21/03/2019 at 14:47Eu já fiz muito! Vale a pena!