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Soroche ou Mal da Atitude: como se cuidar

Se no roteiro da sua viagem ao Peru consta passagem por alguma das 5 cidades* mais altas do país – Juliaca (3.824m), Puno (3.810m), Cusco (3.399m), Huancayo (3.278m) ou Huaraz (3.052m) – esse post é pra você!
O mal da altitude, conhecido aqui como Soroche, pode se manifestar em qualquer pessoa exposta a uma altitude superior a 2.800m sobre o nível do mar e, por mais que seja algo conhecido dos viajantes, seus sintomas não podem ser negligenciados.

Já contei pra vocês num dos posts que fiz sobre Cusco de quando o soroche me pegou na primeira vez que estive lá. Drama à parte (achei mesmo que ia morrer), a situação foi controlada e aprendi, da pior maneira, que tenho que respeitar os limites do meu corpo quando tiver em altitude, ao contrário do marido que corre maratonas a 3.000m, eu padeço com o soroche.

Marido 100% e eu convalescendo a 3.170m de altitude em Monserrate, na Colômbia.

Marido 100% e eu convalescendo a 3.170m de altitude em Monserrate, na Colômbia.

Felizmente, algumas medidas simples já são o suficiente para amenizar o mal estar e promover uma boa adaptação à altura. Deixo claro aqui que não sou médica, mas sim, hipocondríaca e as dicas expostas nesse post são uma compilação de aprendizados meu e de amigos, além de orientações recebidas por especialistas no assunto. ☺

Antes da viagem recomendo consultar um médico de confiança, principalmente se já existe alguma condição de saúde pré-existente, como hipertensão, embolia, trombose ou qualquer comprometimento pulmonar, cardíaco ou circulatório. Somente o médico poderá avaliar as reais condições de você se expor a altitude, além do mais, ele é a pessoa indicada para prescrever qualquer medicamento que possa ser necessário durante sua estadia.

O mal da altitude é causado pela diminuição de oxigênio no nosso organismo e, os principais sintomas são: dor de cabeça, tontura, náuseas e vômito, perda de apetite, cansaço físico mesmo com pequenos esforços e falta de ar durante o sono.
A adaptação do nosso corpo é progressiva então não adianta pensar que algo milagroso vai “tirar com a mão” seu mal estar, pois não vai. É importante seguir ao máximo essas orientações e, em caso dos sintomas não melhorarem em até 24h (você não irá se sentir 100%, mas os sintomas não serão limitantes) é recomendável procurar um médico.

Manu com cara de coerência aos 4.700m de altitude!

Manu com cara de coerência aos 4.700m de altitude!

DESCANSO: Eu sei que muita gente pode achar perda de tempo chegar no destino tão esperado e ir dormir, mas, acredite, é o melhor a se fazer. Do aeroporto vá direto ao seu hotel e tente dormir por volta de 2h. Se não conseguir dormir, pelo menos fique deitado descansando, isso é muito importante para uma melhor adaptação.
Não programe nenhum passeio logo que chegar e, quando sair, faça apenas caminhadas leves, sem grandes esforços. No decorrer dos dias também é importante respeitar as horas necessárias de sono e o ritmo do seu corpo – pare sempre que estiver cansado, onde quer que seja.

HIDRATAÇÃO: Na altitude desidratamos muito rápido, principalmente em lugares de clima predominantemente seco, como Puno, portanto, é muito importante beber de 3 a 4 litros de água (sucos, chás) por dia. A hidratação por si só já ameniza bastante os efeitos do soroche.

Alimentação leve e muita água são parte do segredo para passar o Soroche

Alimentação leve e muita água são parte do segredo para passar o Soroche

ALIMENTAÇÃO: É completamente contra indicado o consumo de comidas gordurosas, muito salgadas, apimentadas ou de difícil digestão. Por outro lado, recomenda-se o consumo de carboidratos, frutas e grãos, que por terem uma digestão mais rápida, auxiliam no combate ao mal da altitude.
O consumo de álcool também deve ser feito com parcimônia, pois ele auxilia na desidratação, piorando o soroche. Sem falar que sua absorção em altitude é lenta e ele permanece no nosso organismo por mais tempo, o que faz com que fiquemos mais embriagados que o comum. Isso quer dizer que, se não quiser dar vexame, se segura na degustação de pisco!

RESPIRAÇÃO: É comum ficar ofegante já que estamos expostos ao ar rarefeito, mas nada que te traga a sensação pesada de falta de ar, a não ser durante o sono, quando normalmente a frequência respiratória diminui e podemos despertar com essa sensação.
Caso queira, é possível comprar oxigênio portátil em lata, e levá-lo consigo para onde for, seguramente é um dos melhores “remédios” para tratar o soroche.

Nada como uma propaganda ilustrativa! Foto: site oficial Sorojchi Pills.

Nada como uma propaganda ilustrativa!
Foto: site oficial Sorojchi Pills

MEDICAMENTOS: Como disse anteriormente, somente o seu médico poderá indicar qualquer medicamento, principalmente em casos de alergia.
Contudo, alguns princípios ativos bastante conhecidos ajudam a tratar os sintomas do mal da altitude: ibuprofeno, paracetamol e ácido acetilsalicílico são os mais comumente usados.
A codeína e a dexametasona também podem ser usadas no combate aos sintomas do soroche mas, estes compostos são mais fortes e indicados apenas para casos específicos e, por isso, vendidos com prescrição médica.
Aqui no Peru (também na Bolívia e Equador) é possível encontrar em qualquer farmácia o Sorojchi Pill, um remédio desenvolvido para tratar o mal da altitude. Composto de ácido acetilsalicílico (325mg), salofeno (160mg) e cafeína (15mg), costuma ser bastante utilizado entre os locais. No caso, é o que eu uso sempre que tenho que viajar para altitude, tomo um quando entro no avião e depois de 8h em 8h por 1 ou 2 dias.

Mate de coca Foto: Flickr Shawn Harquail

Mate de coca
Foto: Flickr Shawn Harquail

FOLHA DE COCA: O consumo da folha de coca é altamente encorajado pelos locais, seja em forma de mate, balas ou mascando a folha in natura. Eles dizem que é o melhor método para tratar o mal da altitude.
Eu, particularmente, não sinto grande melhora com ela mas, como já disse, sou hipocondríaca! Sempre tomei remédios alopáticos, talvez por isso o consumo da coca não tenha me impactado tanto.
Caso alguém esteja se perguntando, a folha de coca, consumida em seu estado natural, não é droga e nem possui efeitos alucinógenos ou psicoativos. Suas propriedades são bem parecidas a do chá verde, acelera o metabolismo, controla o apetite e melhora a resistência.

Não é preciso ter medo do soroche pois, com os cuidados necessários e respeitando os limites do seu corpo, a adaptação é tranquila, sendo possível realizar todos os planos da sua viagem.
Se alguém tiver alguma outra boa dica que não citei aqui, deixa nos comentários, vamos adorar saber! 🙂

*cidades com mais de 100 mil habitantes.

Se quiser ler mais sobre Cusco, clique aqui ou aqui.
Se quiser ler mais sobre saúde no Peru, clique aqui.

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6 Comments

  • Reply
    Débora
    24/04/2018 at 17:19

    Olá Bia, gostaria de saber se esse “Sorojchi Pill” você compra no Brasil mesmo? Obrigada

    • Reply
      Manu Tessinari
      07/05/2018 at 18:33

      Oi Debora, não compra aí não. Não que a gente saiba. Mas aqui em Lima e também em MP é super fácil encontrar, qualquer farmácia. É bom começar um dia antes de ir a altura… Abraços! Manu

  • Reply
    Ludmila
    29/04/2016 at 23:39

    Sabe dizer se é ruim o consumo de red bull nessas regioes?

    • Reply
      Bia Kuntz
      10/05/2016 at 14:37

      Oi Ludmila,
      Como disse no post, não sou médica e o melhor é procurar uma informação profissional.
      O que sei é que as bebidas energéticas são vasoconstrictoras e, na altitude, já podem existir problemas de pressão além de respiratórios.
      Raciocinando aqui, me parece que não seria uma boa idéia ingerir bebida vasoconstrictora nessas condições de ambiente.
      Mas, pensei nisso respondendo sua pergunta agora, não li nem posso afirmar se é ou não contra indicado o consumo dessas bebidas, o melhor mesmo seria a opinião de um profissional qualificado para te dar certeza nesse assunto.
      Abraço,
      Bia

  • Reply
    ferscafi
    15/04/2016 at 15:50

    Uma das minhas guias no Peru deu uma dica para passar a dor de cabeça: passar álcool gel na mão, dar uma esfregadinha e cheirar! A dor passa imediatamente como um milagre! A única coisa ruim é que é algo temporário e a dor não demora para voltar… Mas quando está muito forte, é uma boa ideia.

    • Reply
      Manu Tessinari
      28/04/2016 at 19:29

      Esta eu não conhecia!! Ótima sugestão!

      Obrigada!
      Manu

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