Me mudei mais uma vez. Nona mudança, oitava cidade, quarta língua. Tudo pela primeira vez de novo. Amigos e parentes adoram, acham super divertido, um enriquecimento cultural enorme, uma experiência de vida inesquecível. Eles não estão errados, é sim muito legal viver tudo que eu vivo, acumular histórias, amigos e fotos. O difícil é acumular saudades. Saudade de um parque aqui, um biscoito acolá, um amigo, uma escola, uma casa. Eu vou andando e gostando de tanta coisa que deixar tudo pelo meio do caminho é complicado. Nem sempre minha mente (consciente sim, não vou negar) e meu coração se acostumam. Sete meses sem deitar na sua cama, aquela que você escolheu com tanto carinho. Quatro meses sem folhear aquela revista da sua coleção. Seis meses sem ver aquele DVD da Joss Stone que você adora. Um ano sem usar aquele vestido lindo, já que você e ele nunca estão no mesmo lugar, na mesma hora. Tantos meses sem comer aquele biscoito de chocolate que você conheceu em Londres e só reencontrou em Angola, até hoje sem entender bem como se encontrou algo em Angola e não se encontra no Brasil. Coisas deixadas pelo meio do caminho. Coisas da qual sinto saudade. Um amigo meu uma vez escreveu: “O corpo é rápido, mas o coração não. O corpo anda no compasso da agenda. O coração anda é no compasso do amor miúdo. O corpo sobrevive de andares largos. O coração sobrevive de pequenos passos e de demoras. Eu já fui e voltei a inúmeros lugares e o coração nem saiu do lugar.” Concordo. Hoje estou no Peru, mas vai saber onde esta meu coração…
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