Ainda um pouco no clima da Casa Cor Peru, queria falar pra vocês do orgulho de ter tido o Marcelo Rosenbaum, famoso (e adorado!) design brasileiro, conversando com a gente do Cup sobre design, cultura, projetos e turismo no Peru.<3 <3 <3 A sensação de ter alguém como ele falando pro Cup é aquela de quem subiu na vida, sabe? ahahahaha…
O Marcelo foi, ano passado, o arquiteto convidado pela Casa Cor Peru para dar vida a um ambiente. No seu espaço, Marcelo usou e abusou das cores e do regionalismo, que tanto o caracteriza, mas isto, aqui em Lima, foi uma revolução. Em um país com influências estrangeiras tão enraizadas, ele trouxe à luz o que o Peru tem de mais natural, mais característico, pela primeira vez usado em uma edição de Casa Cor, de forma elegante e funcional.
Este ano, já se percebe o legado deixado por Rosenbaum. Em vários ambientes encontramos pontos, detalhes, vibração regional peruana.
Tive o prazer de estar com ele e sua sócia Adriana Benguela ano passado para a inauguração da Casa Cor e hoje deixo com vocês um pouco de tudo que Rosenbaum viu e sentiu, enquanto estava em terras peruanas.
1) Em 2008, você fez sua primeira viagem ao Peru convidado também pela Casa Cor e, além do sucesso do projeto apresentado, a viagem rendeu textos seus extremamente interessantes e muita inspiração. Adorei uma frase sua que dizia: “Olhar do turista é o melhor amigo do dia a dia do designer.” Poderia contar um pouco o sentimento que aquela sua viagem te deixou?
Rosenbaum: Foi como encontrar um primo de sangue que não conhecia. Era uma sensação muito forte de já ter estado por aqui.
2) Quais lugares você conheceu na sua primeira viagem e destes quais mais te impressionaram?
Rosenbaum:Fui recebido pela querida amiga Verônica Haaker, da Casa Cor Peru, que me apresentou em 2 dias todos os lugares mais interessantes e lindos de Lima, além das pessoas mais legais. Depois de Lima fomos juntos a Cusco e ao Vale Sagrado, até Macchu Picchu. É redundante falar que foi maravilhoso.
3) Na época (2008), você escreveu “Quando voltar a Lima pretendo não lembrar mais de nenhuma dessas impressões e, quem sabe, tê-las de novo”. Como foi voltar 7 anos depois? Quais são as impressões que você leva desta vez?
Rosenbaum:A confirmação de tudo o que senti antes, me sinto em casa e muito bem recebido.
4) Qual é a maior diferença que você sentiu entre a Lima de 2008 e a Lima de 2015
Rosenbaum:É nítido o desenvolvimento e a prosperidade do país, a cidade tem um frescor e uma atitude jovem, traduzidos nos novos hotéis, restaurantes, lojas e museus e galerias de arte.
5) Pode contar um pouco desse projeto desenvolvido entre você, o Ministério de Turismo do Peru e a Casa Cor?
Rosenbaum:É um casamento perfeito, porque podemos nos relacionar nós diferentes níveis de conhecimento, mercado e espiritualidade. O Gente transforma tem estes três pilares de atuação. O apoio do Mincetur nos possibilitou trabalhar com 3 regiões onde foi possível iniciar um projeto que inclui o artesão não como mão de obra, mas como um valor de identidade e conhecimento ancestral, de outro lado a Casa Cor nos permite lançar este projeto como um espaço de inspiração e nos conecta ao mercado de design e influenciadores peruanos.
6) Como descreveria seu espaço na Casa Cor, ano passado? Qual foi seu maior desafio? E sua maior inspiração?
Rosenbaum:O espaço é cheio de alma e a presença do ser humano em cada detalhe. É uma casa com alma peruana.
7) A gente que vive em Lima sente um abismo muito forte entre a classe média/alta peruana e a cultura local, que para muitos é uma cultura de baixa qualidade ou coisa de turista. Eles demonstram isso através da forma de falar, de se vestir e de consumir. O design pode ser, como a gastronomia, um caminho para a mudança de dessa mentalidade? Qual você acredita ser o caminho de um país para a maior aceitação de sua própria cultura?
Rosenbaum:Como latino-americanos e colonizados entendemos que somos muito influenciados pela cultura estrangeira que parece não ter memória nem personalidade própria, mas acredito que o design tem a possibilidade de mostrar que existem outras possibilidades, mas no fundo acredito que o trabalho não é só estético, tem também um componente de conexão ancestral que nos conecta as nossas raízes, e resignifica o entendimento da economia criativa.
8) O projeto A Gente Transforma veio concretizar um desejo/sonho antigo de trabalhar design/arte com cultura e comunidade ou primeiro surgiu o projeto e daí o interesse em aprofundar-se nesta ligação design x comunidade?
Rosenbaum:O projeto nasceu de uma forma intuitiva e foi se aprimorando no processo, trazendo entendimento ao seu proposito, que é expor a alma através do design.
09) Caberia um A Gente Transforma no Peru? Há uma idéia de multiplicar o projeto para além da fronteira brasileira?
Rosenbaum:Já estamos fazendo isso. Através do apoio do Mincetur, iniciamos um processo de trabalho aplicando o Design Essencial. Convidei o designer peruano Ricardo Geldres para uma parceria neste projeto, onde iniciamos com comunidades de 3 regiões, um trabalho de olhar para as tradições, memórias e conhecimentos, e transformar os produtos que eles fazem em produtos de design, que se relacionem com estas tradições e com o atual mercado de design. Estamos lançando estes produtos na Casa Cor, nos relacionando com o mercado de decoração, porque o objetivo deste trabalho é a permanência da tradição, algo que só vai acontecer quando houver o reposicionaremos do artesanato no mercado de design. Tudo isso é a metodologia Design Essencial sendo aplicada de forma integral, porém em fases para desenhar o projeto como um todo.
(Comentário meu: O Projeto aqui no Peru se chama Encontro Peru, entre no site para saber mais e conhecer as coleções 2015 e 2016 já lançadas. É um projeto muito lindo, vale a pena conhecer.)
10) Falar um pouco agora do Rosenbaum turista: Qual seu bairro preferido na capital?
Rosenbaum:Adoro Barranco, Miraflores, Callao, como já falei, me sinto em casa.
11) A gastronomia peruana é mundialmente famosa. Você teve tempo de mergulhar um pouco neste mundo? Qual prato você comeu/experimentou que mais gostou? Qual será aquele restaurante que você vai indicar pro seu melhor amigo, quando vier ao país?
Rosenbaum:Adoro a experiência de comer no La Mar e no Pescados Capitales.
12) Programa imperdível na cidade? Programa imperdível no país?
Rosenbaum:Ir ao Museu Larco em Lima. Impossível indicar um só programa, eu mesmo conheço muito pouco, mas posso indicar como imperdível tudo o que eu conheço – Cusco, Ayacucho, Lamas, Piura, Vale Sagrado, Quinua.
13) O que você comprou por aqui para levar para o Brasil?
Rosenbaum:Dessa vez comprei tecidos bordados shipibos, que mais do que objetos são impregnados com os espíritos da floresta, cosmovisao e inspiração.
(Comentário meu: para saber mais sobre o povo Shipibos, dêem uma lida na matéria da Planeta.)
14) O que você acha de mais legal que um turista pode levar do Peru?
Rosenbaum:A boa energia e inspiração.
15) Uma dica para quem está vindo pra cidade.
Rosenbaum:Abre o coração para este pais cheio de mistérios e saberes ancestrais, você não vai se arrepender.
Quero agradecer de coração ao Marcelo Rosenbaum, que mesmo com a agenda lotada, deu um pouquinho do seu tempo pra gente; a Adriana Benguela, que foi um amor, super atenciosa e coordenou a entrevista e a Chris Barros (@limalemon_peru) que viabilizou o encontro. Beijos nos três. <3
Para conhecer mais sobre o trabalho do Marcelo Rosenbaum, entre na página do seu escritório.
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