Sei que pouca gente fica no Peru tempo suficiente para explorar o país com tranquilidade, sei também que há outros destinos mais conhecidos para conhecer, mas nossa experiência na selva peruana foi tão legal q vale a pena contar aqui.
Por ter a maior parte da população concentrada no litoral semidesértico ou nos Andes, é difícil pensar o peru como um país amazônico, mas é exatamente isto que ele é, já que 60% do seu território é tomado pela floresta. O Peru é um dos países com maior biodiversidade do planeta e aqui a selva é dividida em duas regiões: selva baixa e selva alta. A Selva Baixa é a mais extensa e engloba as cidades turísticas mais conhecidas internacionalmente da Amazônia Peruana, Iquitos e Pulcallpa. Na Selva Alta, que chega aos pés da Cordilheira Branca, está Tarapoto, também bastante conhecida e é onde está Tingo Maria.
Tingo Maria é uma cidade conhecida como turística, mas sua fama não atravessa fronteiras. É pequena, infraestrutura precária e é basicamente feia. Muito feia. Mas estamos na Selva e, por fim, a simpatia de sua gente e a beleza natural encantam.

A cidade de Tingo Maria é feia e mal cuidada. Infelizmente, porque a natureza ao seu redor é muito bacana!

Apesar de feia, você encontra praças com parquinhos que fazem a diversão da criançada. É bem passeio de fim de tarde em cidade do interior.
A estrutura turística também me surpreendeu. Parques nacionais bem conservados, lugares turísticos limpos e bons hotéis foram algumas das boas surpresas da cidade. E olha que eu não consegui visitar tudo que a cidade oferece!
Tingo Maria é a porta de entrada para explorar a região, coisa que só consegue se estiver com carro ou fechando os passeios com uma agência de viagens. Conversei com o pessoal da Tours Tingo Maria e me pareceram bem estruturados, sérios e cobrem toda a região, mas eu fiz meus passeios por conta própria já que meu marido conhecia tudo.

Feira de artesanato típico da selva. Bem diferente do que estamos acostumados como referencia peruana…
Parque Nacional Tingo Maria
Fundado nos anos 60, a intensão do parque é proteger a fauna e flora da região e dezenas de fontes de águas termais. Dentro dos seus quase 5 mil hectares estão as montanhas da Bella Durmiente e a Cueva de Las Lechuzas, dois importantes símbolos da cidade. Depois da entrada do parque, caminhamos tranquilamente por uma área aberta (fácil para ir com crianças e carrinho de bebe) até chegar ao rio que cruza o parque. Ali há estrutura para tomar banho de rio e também tendas de comida e artesanato local.
Bella Durmiente (Bela Adormecida)
Trata-se das montanhas que enfeitam o horizonte da cidade, a qual possuem este formato. São tão conhecidas que a cidade é conhecida em todo o país como “La ciudad de la Bella Durmiente” (a cidade da Bela Adormecida).
Resumindo a lenda, dois jovens se amavam e viviam felices até que o pai de outra princesa começou a perseguí-los. Para escapar, o joven Cuynac foi transformado em pedra e a Nunash, em borboleta. Quando ela voltou a forma humana, ela sentou e ficou esperando que ele voltasse até que dormiu. Dormida escutou uma voz que dizia: “Estoy destinado a permanecer así el resto de mi vida. Si tú en realidad aún me quieres, permanece a mi lado toda tu vida en este cerro y que en las noches de luna aparezca ante la mirada de la gente una mujer dormida”.
Cueva de las Lechuzas (Caverna das Corujas)
Apesar do nome, não há corujas na caverna! 😉 Seu nome foi dado pelos moradores há muitos anos, que confundiram a ave que habita o local.
Ali embaixo, avisto um buraco no morro tomado de vegetação. A caverna parece pequena dali.
Ao pé da escadaria que nos leva a caverna, tudo começa a mudar. A quase 700m, a escadaria cansa as crianças, mas a curiosidade começa a tomar conta. Barulhos de aves começam a se tornar uma constante e, quando chegamos, tomamos um susto. A caverna é ENORME! Sua entrada são 20 x 25 metros e o barulho das guácharos (os verdadeiros pássaros que habitam o local) é ensurdecedor. Tudo é muito escuro, tudo é muito grande, tudo é muito úmido. A louca aqui já achou que estava no filme “Jurassic Park” e que répteis gigantes pré-históricos ia aparecer voando. (Sou super ambientada com a natureza, como vocês podem ver…)

Parece calmo, mas o caminho te leva para o maior breu e o barulho das aves é ensurdecedor. Ok, confesso, tive medo.
Há passeios feitos com guias e lanternas, para quem quer se aventurar no breu total, coisa impossível para uma mãe de duas bebes. Fica pra próxima.
Laguna de Los Milagres (Lagoa dos Milagres)
Basicamente, uma lagoa enorme (40mil m2) a meia hora da cidade, com duas cabanas/restaurantes. Isto é o que você vê quando chega, mas acaba sendo um lugar para você curtir um dia muito bacana. A região é linda, o descanso visual, a tranquilidade da lagoa, as redes, as canoas, tudo faz você se sentir bem. Se sentir longe de tudo. Que sensação boa!
As duas cabanas na beira da lagoa são o ponto de apoio. Lá se almoça, toma sua cerveja, descansa na rede e passeia pelas trilhas. A comida é simples, mas fresca e saborosa. Banana frita e água de coco com gosto de Brasil…
De lá, você também pode pegar uma canoa (você remando ou um dos meninos faz isto pra você) e ir a uma das 4 cabanas espalhadas à margem da lagoa onde o banho é mais gostoso. Pode também cruzar a lagoa e visitar a Árvore da Felicidade. Lendas a parte, a trilha é bem simples, pras crianças é uma aventura, a árvore é gigante e ver aquilo tudo de perto é incrível. Ainda tem uma “casa do Tarzan” que as crianças (e adultos) podem subir e se balançar no cipó.
Tudo simples, tudo divertido. Não sei se pelo fato de estar com as crianças ou estar em algo tão diferente de tudo que eu normalmente curto, mas o encantamento com o simples, as descobertas de cada coisa por parte das meninas, fizeram este dia especial.
Cataratas Santa Carmen
A região de Tingo Maria tem famosas cataratas como a Velo de las Ninfas, Caratara Gloriapata e Catarata San Miguel, mas, por causa das meninas, decidimos ir na mais próxima da cidade, que é a Catarata Santa Carmen. Como havia chovido durante toda a noite, a trilha estava molhada e um pouco escorregadia, mas sem maiores problemas. Fizemos a trilha em meia hora até chegar a catarata.
Havia bifurcações na trilha, com possibilidade de fazer passeios maiores e ir ao ponto mais alta da queda, mas, como a piscina formada era mais funda, decidimos ficar onde era melhor com crianças. Para os amantes de esportes radicais, em todas as cataratas é possível fazer rapel.
ONDE FICAR
Villa Jennifer
É um hotel ecológico, criado em uma área de 10 hectares, por um casal peruano-dinamarquês. Feito com todo o cuidado, ele é bonito nos detalhes. Seja uma cadeira de madeira talhada, jarrinhos de flores em todas as mesas, livros ao lado das espreguiçadeiras e as placas informativas. São casas/bangalôs, espalhados pela área, em total harmonia com a região. Nada lá briga com a natureza, seja o parque infantil, as duas piscinas, o restaurante, o orquidário, o pomar e o pequeno zoológico onde tem tartarugas e jacarés. Outro ponto que contou a favor foi o fato de, independente de estar totalmente vazio, tudo estava limpíssimo, bem cuidado, restaurante funcionou muito bem. Estava vazio, não abandonado. Site do hotel.
Outro hotel que me pareceu bom, mas outro estilo, é o Oro Verde Resort. Fui visita-lo e estava movimentado, bem frequentado e organizado. Ele tem uma pegada mais business e por isto acaba recebendo mais hóspedes durante a semana.
Madera Verde é também muito famoso na região e parece ser bem estruturado, mas fica mais afastado e não tive tempo de visitá-lo.
ONDE COMER
Bem, difícil viu? Eu comi bem tanto na Lagoa, como na Villa Jennifer. Não são comidas sofisticadas, mas são bem feitas e eu não sou nada fresca pra comida. Como um arroz com frango feliz. O forte da região são os peixes, que realmente estavam sempre ótimos. Sou louca por banana frita e aqui em Lima não tem, então acredito que tenha comido por um ano.
De restaurante bom para indicar, o melhor da cidade é o El Carbón. Grande e sem charme, busque uma das mesas que tem vista para o rio. O atendimento é atencioso, mas a comida é apenas aceitável.
Existe também em Tingo Maria, na praça principal uma lanchonete bonitinha, a Palé. Ela tem sorvetes ótimos, sucos com frutas da região e um sanduíche gostoso.
COMO CHEGAR
Voos diários partem de Lima para Tingo Maria pela LC Peru.
(Sim, não existe asfalto no Aeroporto de Tingo Maria. Aterrissamos na grama mesmo… ;-))
Bom, vou terminando por aqui. Não sei o quanto este post será útil, mas acho legal contar também das coisas que vemos por aqui totalmente fora do turismo mais conhecido e também é um jeito de guardar de lembrança dias tão divertidos.
2 Comments
Talita Dallmann Sabino
06/06/2015 at 21:44Estou planejando minha viagem para o Peru e queria uma opinião…
Sei que é algo muito particular, relacionado a gostos e estilo de vida, mas gostei muito do post sobre a amazônia peruana e fico em dúvida entre essa opção ou Arequipa, pois não terei tempo de incluir os dois na viagem.
Você que já conheceu os dois lugares daria preferência a qual?
Beijos e obrigada!
Manu Tessinari
09/06/2015 at 11:53Oi Talita,
Super pessoal sua pergunta!!!
Primeiramente, se quiser incluir a selva amazônica, eu incluiria Iquitos, que é mais turística e tem uma infra melhor. Bom, entre amazonia e arequipa, quem tem que decidir é você, o que você realmente curte. Arequipa é cidade “grande”, a segunda maior do país, tem tudo de uma cidade grande, restaurantes e muita história antiga, de época da colonização. Você está indo para conhecer a cultura humana, a história de um lugar. Se optar pela Amazônia, bom, é amazônia. Animal, mato, floresta, natureza, silencia, beleza natural. É outro clima, outra situação. você precisa saber o que você vai mais curtir neste momento, o que tem mais a ver com a viagem que você está fazendo e com as companhias que está tendo. Alem disso, veja a época que vai, para saber se é chuvoso na Selva ou frio na Serra. É isto. Acho que só com pesquisas e lendo muito você vai decidir.
Boa sorte!
Manu