os adultos e a condescendência com a feiúra das crianças

no último final de semana no rio cruzei com um pai e uma filha. ele um adulto normal (nem feio e nem bonito). ela uma criança estranhamente linda – quer dizer, linda porque, nós adultos, achamos graça da falta de jeito das crianças – ela era gordinha, cabelos escuros, com cachos largos e desgrenhados, pernas cambotas, óculos fundo de garrafa, e pele que de tão branca faz as bochechas ficarem rosadas. eles conversavam sobre beleza. ela dizia que achava “não sei quem” feia, e ele tentava explicar que não existe ninguém feio e que existem vários tipos de beleza – vejam só que pai legal!

isso aconteceu numa cena de um segundo. num cruzamento. num abrir e fechar e farol. depois, eu segui pensando. e no outro cruzamento pensei que, quando ela crescer, ela vai alisar o cabelo, entrar na academia ou fazer algumas cirurgias e ficar igual a todas as outras meninas do rio.

a minha dúvida é: por que temos essa aceitação pelas belezas diferentes enquanto elas são crianças e não as toleramos quando elas são adultas?