Essa é a atração que modificou a história de Arequipa como cidade turística. A pesar de existir há 434 anos, o Monastério foi aberto ao público somente em 1970, graças ao auxílio de um grupo de empresários arequipenhos que decidiram investir na restauração e abertura do monastério como ponto turístico.
Sem enrolação: é uma cidade. A publicidade feita por eles usa o slogan “a cidade dentro da cidade”. Levando em consideração que foi construído em 1579 (sendo reconstruído muitas vezes devido aos terremotos, e depois ampliado no século XVIII, mas não deixa de ser há muito tempo!) é muito impactante estar lá dentro e ver toda a estrutura planejada e executada ali. Ruas inteiras, jardins, praças, um sistema eficiente de drenagem das chuvas, lavanderia, cemitério, inúmeros quartos e cozinhas – no princípio, cada reclusa tinha seu quarto ou “mini apartamento”, com uma cozinha e um “quarto de empregada” – tudo construído isolado do mundo.
O monastério foi na verdade fundado por Doña Maria, uma senhora espanhola muito rica que, depois de viúva, decidiu ser reclusa neste convento ainda em construção e doar a eles todos os seus bens. Na época era algo muito nobre para uma família ter uma filha religiosa, assim sendo, inúmeras famílias enviavam suas filhas para lá para viverem reclusas. O que eu achei mais interessante foi justamente o seguinte paradoxo – como estas meninas eram novas e muito ricas, as famílias enviavam também as empregadas para as servirem. Elas, as monjas, ficavam ali, reclusas, sem ver suas famílias, sem contato com o mundo exterior, mas com uma pessoa que cozinhava, limpava e lavava para elas. Achei isso muito maluco. E agora escrevendo o post pensei: será que as mulheres que as serviam podiam sair dali? Ou ficavam reclusas também pra sempre!? Fico nos devendo essa resposta por enquanto…
Apesar das “controvérsias” todas – controvérsias pra mim, tá gente? Sou católica de formação, mas ao mesmo tempo tenho minha veia feminista, então creio que por isso entrei nesse mundo todo de questionamentos -, era mantido também no monastério um colégio para meninas (elas entravam por volta dos cinco anos e saiam para casar-se), um asilo, além de recolherem mulheres marginalizadas à sociedade – mães solteiras, viúvas sem condições de se manter, moças renegadas pela família… Era ao mesmo tempo um centro de auxílio às mulheres da época. O passeio é bastante interessante e, pelo menos pra gente, proporcionou boas reflexões.
Ali viveu a religiosa Sor Ana de los Ángeles, muito popular entre os fiéis peruanos. Ela entrou no convento aos 3 anos (por volta de 1607), para estudar, sua família a retirou dali por volta dos 11 anos para casar-se. Em casa, ela teve uma visão com Santa Catarina de Siena e decidiu voltar ao convento – para isso teve que brigar com sua família. Sor Ana foi beatificada pelo papa João Paulo II em 1985, sendo atribuídos a ela inúmeros milagres e previsões.
Lá é possível ver também um museu com quadros e objetos religiosos. Hoje em dia vivem ali no monastério cerca de 20 monjas, em uma área que não está aberta ao público. Elas podem ser vistas na missa diariamente. O tour dura cerca de 1 hora (ingresso S/. 30,00 = R$ 23,50), e o serviço de guia (S/. 20,00 = R$ 16,00) é opcional. Dentro do monastério existe ainda uma loja onde se vendem itens religiosos (comprei 3 medalhinhas) e alguns produtos produzidos por elas – sabonetes e um hidratante de rosas excelente e muito cheiroso!
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